Primeiro a gente nasce e vai escrevendo nossa história com mais ou menos ajuda do ambiente. Depois, surgem incômodos pelo caminho que às vezes tomam proporções indesejadas, indecentes ou até mesmo absurdas. Chame como quiser.
Com um pouco de humildade e boa dose de desconfiança sobre si mesmo, você inicia uma psicoterapia, começa a focar a atenção na sua própria moléstia e, ao invés de apenas reclamar dela, passa a vê-la como um inimigo digno e não somente desprezível. Aliás, você entende que aquilo lá faz parte de você.
Só assim é possível algum tipo de reconciliação sua com você mesmo, que ao mesmo tempo que tolera a própria condição, também se incomoda o suficiente pra querer transformá-la. No caminho disso tudo, muita coisa pode piorar, mas só pra deixar mais claro pra gente mesmo do que se trata tal moléstia.
“Aprender com os erros” é uma matemática muito simples pra descrever esse processo complexo que não se trata apenas de erros e acertos. É um processo de ir e vir entre pensamentos, sensações e ações quantas vezes forem necessárias. Repetir, repetir, repetir, recordar, elaborar… Transformar.
“Recordar, repetir e elaborar (novas recomendações sobre a técnica da psicanálise II)” (1914) é, para mim, um dos textos mais nobres do Freud.
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