Freud fez uma vasta pesquisa entre pacientes psiquiátricos e a Antropologia. Ele estava interessado em compreender a relevância dos tabus na construção das sociedades: aquilo que é considerado inaceitável, fundamental e inspira a construção da lei. Para isso ele contou com a colaboração do antropólogo Lévi-Strauss. Dessa maneira, Freud chegou ao cerne da sexualidade humana na sociedade ocidental capitalista. Havia uma sexualidade humana estruturante e cheia de tabus. Tabus estes que começam a ser transmitidos na infância. Para Freud, a repressão da sexualidade humana é algo tão marcante que gera conflitos e traumas capazes de estruturar toda uma personalidade. Inerente às verdades inconscientes. Disso, surge o complexo de Édipo: o amor pela mãe que gera rivalidade com o pai.
O mito de Édipo é um dos principais mitos da mitologia grega. Narra a realização de uma profecia sobre Édipo: filho de Laio e Jocasta, rei e rainha de Tebas, Édipo seria o responsável por matar Laio e desposar Jocasta, motivos pelos quais é abandonado. O incesto da história revela uma tragédia, ou seja, a impossibilidade de inscrição na sociedade.
Hoje em dia, considerando todas as mudanças sociais e históricas, me pergunto: trocamos Édipo por Narciso? Ainda na mitologia grega, Narciso era filho do deus-rio Cephisus e da ninfa Liriope, e era um jovem de extrema beleza. Porém, à despeito da cobiça que despertava nas ninfas e donzelas, Narciso preferia viver só, pois não havia encontrado ninguém que julgasse merecedora do seu amor.
Os conflitos narcísicos são anteriores aos conflitos Edípicos. Dizem respeito a construção do si-mesmo e da própria imagem, acima da preocupação com a convivência com o outro. Com o crescimento das redes sociais e do individualismo, esbanja-se feridas narcísicas, relações e amores primitivos. A consequência é uma crescente demanda da clínica das psicoses e a insuficiência das resoluções Edípicas.
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