AS COISAS NÃO SÃO O QUE PARECEM

Confiança não é apenas sobre fazer e cumprir combinados. Existem outras formas de comunicar confiança, principalmente quando estamos falando dos aspectos infantis (de adultos e de crianças).

Comunicamos confiança quando conhecemos bem o chão que estamos pisando e nos sentimos à vontade com o território, sem grandes preocupações com o entorno. Por exemplo, não contratamos um guia para fazer uma trilha no meio do mato, se ele próprio foi até lá apenas uma ou duas vezes na vida. Esperamos que ele conheça o lugar como a palma de sua mão.

Comunicamos confiança quando temos consciência de nossos próprios limites e não enganamos a nós mesmos e os outros tentando parecer o que não somos. É que mais cedo ou mais tarde, se assim for, a realidade desmascara.

Comunicamos confiança quando nos posicionamos e verbalizamos nossas opiniões sobre os acontecimentos corriqueiros. Explico. Sabe quando alguém é meio grosseiro com um amigo na sua frente? Se você presencia e fala: “eu vi o modo como ele falou com você e não foi legal”, isso mostra que você está atento aos relacionamentos e sentimentos das pessoas – qualidade de alguém confiável.

Comunicamos confiança quando somos capazes de fazer boas previsões, assim como uma babá dá certeza à uma criança de 2 anos, quando lhe diz que sua mãe irá voltar pra casa depois do trabalho e que ela só precisa esperar. Essa aí, sabe o que fala!

Lembro-me de um caso que atendi de um paciente que já havia ido a três ou quatro terapeutas, mas não havia parado em nenhum. Uma das intervenções que fiz foi dizer aos pais que eles precisavam confiar em alguém para conseguir a ajuda que precisavam com aquela criança, eles poderiam escolher quem lhes parecesse melhor, mas não haveria forma de conseguir o objetivo de ter ajuda se eles não pudessem apostar e confiar em alguém. Ninguém sai investindo na bolsa de valores sem consultar um especialista. Ninguém decide se casar e construir uma vida juntos com alguém que não confia que lhe possa ser um bom companheiro. Nenhuma criança cresce se não puder contar com um porto seguro onde possa ter amparo perante o medo. Há muito a perder – ou deixar de ganhar – quando não há confiança…

© 2025 MARIANA ARAÚJO
(CRP – MG 04/56082)

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